
Como planejar a sucessão em pequenas empresas familiares
- Contsimples Contabilidade
- 8 de out.
- 6 min de leitura
Quando penso em empresas familiares, sempre lembro das conversas de fim de semana com conhecidos e clientes. Nessas rodas, sucessão é quase sempre assunto delicado, mas absolutamente necessário para quem deseja que o negócio continue prosperando. Dados do IBGE mostram que 90% das empresas no Brasil têm origem familiar e são responsáveis por três quartos dos empregos e 65% do PIB nacional (relevância das empresas familiares no Brasil). Ainda assim, planejar a sucessão segue sendo grande desafio. Vou compartilhar o que venho observando, aprendendo na prática e pesquisando, para ajudar pequenos empresários a entender o que realmente importa nesse processo.
Por que o planejamento sucessório é tão difícil?
Planejar a sucessão em uma pequena empresa familiar não é só decidir quem assume depois do fundador. É lidar com emoções, expectativas, laços afetivos e até antigas rivalidades. O IBGE aponta que de cada 100 empresas familiares, apenas 30 sobrevivem ao processo de sucessão da primeira para a segunda geração, e só 5 chegam à terceira (percentual de sobrevivência após a sucessão).
Pouca conversa dificulta o futuro.
Com base no que vejo no dia a dia da Contsimples, muitos empresários deixam para pensar nisso apenas quando já não têm mais energia para tocar o negócio ou quando surge algum problema de saúde. Talvez por apego, talvez por medo de expor vulnerabilidades para a família. Só que adiar o tema pode colocar tudo a perder.
Quando começar o planejamento de sucessão?
Talvez você me pergunte: é cedo para pensar nisso? Em minha experiência, nunca é cedo demais. Sucessão não precisa ter data marcada, mas exige preparo.
Quanto antes for iniciado, mais natural será o processo.
Dá tempo para capacitar sucessores e os demais envolvidos.
Permite correções de rota, caso algum plano não funcione como o esperado.
Quando me aprofundava em cases reais, via empresas naufragarem por confiar na própria sorte ou na disposição natural dos filhos em assumir. A vida mostra que não é bem assim. E ninguém está imune a imprevistos.
Quais os pilares de sucesso em um processo sucessório?
Existem algumas “regras de ouro” que costumo ver funcionando em pequenas empresas familiares:
Transparência absoluta nas conversas: Sentar, conversar e deixar todos participarem das discussões sobre o futuro.
Definição clara de papéis: Nem todo herdeiro está pronto ou quer assumir; respeite escolhas e talentos individuais.
Treinamento prático: Integrar gradualmente o sucessor às decisões.
Orientação externa: Considerar apoio de contadores, mentores ou consultores fora da família pode evitar conflitos e proteger o negócio.
Como identificar o sucessor ideal?
Essa parte costuma mexer com todos. Em vez de cair na armadilha do “deixo para o mais velho”, sugiro outra abordagem: identifique quem realmente tem interesse e perfil para liderar. O sucessor não precisa ser um “cópia” do fundador, mas precisa conhecer o negócio, ser aceita pelos funcionários e ter preparo para os desafios.
Observe atitudes no dia a dia da empresa;
Avalie o interesse real (muitos só dizem “sim” para agradar);
Considere experiências externas (às vezes, um tempo fora amadurece o perfil).
Não existe receita definitiva. Às vezes o melhor sucessor não é um membro da família. Mas, quando é, o processo de integração precisa ser cuidadoso e respeitoso, sem forçar mudanças bruscas.
A importância dos documentos e registros formais
Outra lição que sempre passo: documentar decisões e ajustes societários é indispensável. No calor da rotina, muitos acordos ficam “de boca”, depois, surgem dúvidas ou brigas judiciais se algo der errado. Desde contrato social a atas de reunião, tudo deve estar regularizado.
Se hoje você é MEI, micro ou pequena empresa e tem dúvidas sobre formalização, recomendo passar por conteúdos que abordam a contabilidade na rotina da empresa, pois eles esclarecem detalhes que fazem diferença para quem quer cuidar bem do próprio legado.
Planejamento tributário e societário: evitar conflitos futuros
Nem só de coração vive a sucessão. O lado fiscal e societário pesa, erro comum é deixar para pensar depois. O ideal é buscar amparo de um escritório contábil, como a Contsimples, que já está acostumado a lidar com abertura e alteração de empresas, elaboração de contratos e enquadramentos tributários. Isso diminui riscos e previne surpresas com impostos ou partilhas mal feitas.
Para quem ainda não sabe como definir o melhor regime tributário para pequenas empresas familiares, recomendo leitura sobre enquadramento tributário de micro e pequenas empresas. Ajuda tanto quem está começando, quanto quem já começa a olhar para a próxima geração.
Aspectos emocionais e comunicação aberta
Nem sempre o maior desafio está no papel, mas nas relações. Sucessão envolve sentimentos como ciúme, medo de perder espaço, nostalgia do passado e insegurança quanto ao futuro. O único antídoto real que vi funcionar é combinar diálogo honesto e escuta ativa. Falar abertamente sobre expectativas, vontades e temores costuma criar um “piso” seguro para decisões.
Conflitos podem surgir, mas o diálogo sincero evita mágoas profundas. E, sempre que possível, inclua todos os envolvidos nas conversas, especialmente nos estágios iniciais do planejamento.
Como preparar a empresa para o futuro?
Planejar não é só escolher quem vai comandar. É simples: prepare a empresa para continuar relevante fora do círculo familiar. Documente processos, treine líderes secundários, invista em inovação e mantenha contas organizadas.
Já escrevi sobre as vantagens de ter uma gestão simplificada, e conteúdos como empreender mais simples nas PMEs ilustram bem o que quero dizer. Empresas familiares que “se abrem” à modernização aumentam muito a chance de atravessar gerações.
Convido você também a acompanhar o blog sobre empreendedorismo da Contsimples e, para temas mais específicos, o canal dedicado a microempresa. Lá compartilho cases e dicas práticas que ajudam a enxergar caminhos possíveis.
Conclusão: o legado vai além do sobrenome
Percebo que maioria dos novos líderes de empresas familiares quer se sentir apoiado, respeitado e preparado quando chegar sua vez. Planejamento sucessório não é “lugar de guerra”, é oportunidade de unir gerações e talentos em torno de um sonho comum. Vale muito a pena começar essa conversa desde já, mesmo que pareça desconfortável no início.
O futuro da empresa começa no presente das conversas.
Se você sente que sua empresa ainda não está pronta para essa etapa ou precisa de suporte técnico e humano, sugiro conhecer a Contsimples. O time está preparado para orientar, organizar planos, formalizar contratos e garantir que esse processo aconteça de forma leve, responsável e sempre online. Faça o convite à sua família, traga esse tema para a mesa e descubra como podemos ajudar seu negócio a crescer com segurança, geração após geração.
Perguntas frequentes sobre sucessão em empresas familiares
O que é sucessão em empresas familiares?
Sucessão em empresas familiares significa o processo de transferência do controle e da gestão do negócio de uma geração para a outra dentro da mesma família, planejando as etapas para que a empresa continue funcionando mesmo após a saída dos atuais gestores. Isso envolve não só a escolha do sucessor, mas também a preparação da empresa para mudanças sem traumas.
Como iniciar um processo de sucessão?
O primeiro passo é abrir o diálogo entre todos os familiares envolvidos, levantar as expectativas e vontades, mapear quem tem interesse e perfil para assumir a gestão e, a partir disso, planejar as etapas da transição com apoio de profissionais, se necessário. Documentar decisões e manter tudo em dia com a contabilidade também ajuda muito nesse início.
Quais os erros comuns na sucessão familiar?
Os erros mais frequentes envolvem a ausência de planejamento formal, falta de comunicação clara, definir o sucessor apenas por ordem de nascimento, não profissionalizar a gestão e adiar conversas difíceis. Isso costuma gerar conflitos, disputas e até colocar em risco a continuidade do negócio, como mostram estudos sobre mortalidade das empresas familiares após a sucessão.
Como escolher o sucessor ideal?
O sucessor ideal é aquele que demonstra interesse genuíno, conhece a rotina do negócio, busca capacitação contínua, é respeitado pelos demais membros e líderes, e está disposto a ouvir todas as gerações. A escolha não deve ser automática, mas baseada nas competências e no perfil de liderança do candidato.
Preciso de advogado para fazer a sucessão?
Em boa parte dos casos, contar com um advogado especializado pode evitar conflitos jurídicos futuros, especialmente na redação de alterações contratuais e partilhas. Para pequenas empresas, a orientação contábil da Contsimples já esclarece muitos pontos e pode indicar o momento certo de envolver um advogado no processo.













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